Dezembro/2025 – Ideias Inspiradoras/para 2026


Feliz Natal e um Ótimo Ano Novo



... e para 2026

Mais Saúde, Menos Apego Ansioso e Menos Desconforto

Dois textos de autores que conheço bem pouco me chamaram à atenção: “Desconforto” de Marcela Scheid e “Amar não é segurar, é sustentar” de Rossandro Klinjev.


O balanço do final do ano 2025 me fez refletir sobre as inúmeras sessões de psicoterapia que abordaram a Crise da Meia Idade e as Crises Conjugais, temas que se associam a finais de ciclo, assim como o mês de Dezembro ao Final do Ano, ao Natal e ao Ano Novo que se inicia.


E para 2026, desejo que tenhamos mais Cuidado com a Saúde e menos Desconforto. E que Sustentemos o Amor que oferece um lar para repousar, como o colo que o bebê deseja de sua mãe.


Boa leitura!



Mais Saúde

A citação vem do Preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde, que foi adotada pela Conferência Sanitária Internacional, realizada em Nova York de 19 de junho a 22 de julho de 1946, assinada em 22 de julho de 1946 pelos representantes de 61 Estados (Registros Oficiais da Organização Mundial da Saúde, nº 2, p. 100), e entrou em vigor em 7 de abril de 1948. A definição não foi alterada desde 1948.

Fonte:   World Health Organization (WHO)

 

Saúde é Bem-Estar

Ter boa disposição física, psicológica e espiritual.


É o estado de quem está tranquilo, de quem está seguro ou confortável.


O Bem-Estar reúne os elementos que causam satisfação: corpo em bom estado do ponto de vista médico, segurança, estabilidade financeira e conforto.


Uma pessoa saudável sente a emoção e faz a Regulação Afetiva, que é a execução assertiva e eficaz do ciclo completo das emoções: sentir, tolerar, aceitar, compreender e expressar a emoção, preferencialmente no momento em que ela ocorre.


Cuidar da Saúde é dedicar a maior energia vital possível à realização do nosso propósito de estar bem. É ouvir a voz da nossa alma, responder adequadamente às sensações que nosso corpo experimenta e agir conscientemente (intenção, razão, inteligência) com ética amorosa.


Cuidar da Saúde é cuidar de nós, das outras pessoas e da nossa Mãe Terra, e sempre que possível com ética amorosa.

 

 

“Amar não é segurar, é sustentar”

Rossandro Klinjev

Muitos de nós crescemos acreditando que o amor é uma espécie de troféu conquistado pelo bom comportamento, pelas boas notas, pela obediência, e, sem perceber, levamos esta pedagogia afetiva para a vida adulta. E começamos a disputar o afeto como quem tenta não perder o primeiro lugar.


Crescemos aprendendo que amor se ganha e não que amor se oferece; que para ser amado é preciso agradar, acertar, antecipar o desejo do outro. E o resultado é que ao amar passamos a vigiar, passamos a confundir cuidado com controle, presença com invasão, zelo com sufoco. A psicologia chama isso de Apego Ansioso. Vínculos marcados pelo medo da perda e pela tentativa de garantir com o excesso de presença aquilo que deveria vir da confiança.


O antídoto para o controle não é o desinteresse, é a segurança interna, é entender que amar não é segurar, é sustentar, que o verdadeiro cuidado não aprisiona, protege.

Reaprender a amar, depois de ter vivido o amor como prêmio, é reaprender a respirar. É sair do pódio e voltar para o colo. É entender que o amor não é um campo de competição, mas um espaço de encontro.


Se você foi aquela criança que aprendeu que só seria amado se fosse o melhor, permita-se agora ser amado sendo apenas humano, sem troféus, sem notas e sem medalhas.


O amor verdadeiro não se mede por desempenho, mas por presença. E quem descansa neste amor aprende enfim que o amor não é um campeonato para vencer, é uma casa para repousar.



O amor “casa para respousar” não tem lugar para o Apego Ansioso

No contexto psicanalítico, o apego ansioso surge de experiências infantis com cuidadores inconsistentes, gerando a busca por segurança, o medo do abandono e a baixa autoestima. Manifesta-se na vida adulta como ciúmes, dependência e uma necessidade constante de reafirmação no relacionamento.


Características do Apego Ansioso


  • Insegurança: Medo constante de abandono e rejeição, mesmo em relacionamentos estáveis.

 

  • Busca por Aprovação: Necessidade de validação e reafirmação do parceiro, com dificuldade em se sentir seguro por si mesmo.


  • Baixa Autoestima: Sentimento de não ser digno de amor ou de não ser "suficiente". 


  • Hipervigilância: Atenção excessiva aos sinais de mudança no comportamento do outro, interpretando-os como ameaça de perda. 


  • Ciúmes e Dependência: Tendência a ser ciumento e carente, buscando proximidade que sufoca o parceiro. 


  • Origem na Infância: A inconsistência dos cuidadores (ora presentes, ora ausentes) não permite que a criança elabore a falta, gerando a angústia primitiva de abandono e a crença de que o afeto é instável. 


  • Lidar com a Falta: segundo a perspectiva psicanalítica o apego ansioso é a dificuldade de lidar com a falta do outro, pois a ausência foi sentida como ameaçadora na infância. 

 


Desconforto

Marcela Scheid

Me sinto grande num espaço pequeno. Uma coisa meio Alice, sem as maravilhas.


Não caibo mais aqui.


Por um tempo me dobrei inteira, posição fetal, cortei tudo aquilo que chamavam de excessos, quase não sobrou nada.


Tudo isso pra caber aqui, aqui não, ali.


Estou sempre tentando caber lá fora, em um espaço que o outro destinou pra mim.

Veio a câimbra, não caibo mais aqui.


Continuo crescendo, mas o espaço parece não me acompanhar.


E se eu sair, me desdobrar, alongar as pernas e parar de me reduzir aos espaços e às pessoas que me reprimem?




E nas sessões de psicoterapia ...

Sobre a Crise da Meia Idade


A Crise da Meia Idade nos traz a consciência de que já realizamos muitas coisas, mas também de que deixamos de realizar outras muitas coisas.

Devido nossa natureza racional. Imaginamos e fantasiamos muito mais do que escolhemos e conseguimos realizar.


De qualquer modo, a sabedoria adquirida até então, deveria nos tornar mais conscientes da nossa real potência e capazes de integrar o fato de que alguns sonhos não são mais viáveis. E, o que nesta reflexão é o mais importante, há muito ainda que pode ser realizado.


Em alguns casos, sugiro que tenhamos um caderno, com todos os desejos que já tivemos na vida. O caderno deve ser grande, ter espaço para os desejos que virão. Ler periodicamente este caderno pode nos ajudar a transformar a Crise da Meia Idade em oportunidade de realizar os sonhos que ainda são viáveis e melhorarmos os nossos critérios de escolha.


Querer não é poder! Que nossas escolhas sejam as melhores, que sejam viáveis, e que aceitemos as limitações do ser humano que somos.


Sobre as Crises Conjugais


A abordagem que utilizo para os casais em Crise Conjugal é atuar como um facilitador da conversa saudável.


Quando o casal conversa saudavelmente, ambos praticam a Empatia e Compaixão.


Independentemente das questões que originaram a Crise Conjugal, Empatia e Compaixão tendem a criar uma nova dinâmica conjugal. Expectativas Viáveis, Respeito, Consideração, Cooperação retornam amorosamente. E o mais relevante: o que for melhor para a família, em especial para os filhos, acaba se tornando realidade.

 

Sobre o Desconforto


Uma escolha difícil e como muitos diriam corajosa: quando “não caibo mais aqui” devo sair daqui ou viver em sofrimento?


É o nosso corpo, o que sentimos, que nos avisa a hora de “sair daqui”. O corpo é simples. Se está bom quer ficar, se está ruim quer ir embora.


Sobre o apego ansioso


Oferecer amor ao invés de querer ganhar o amor parece ser um bom caminho.


Sobre cuidar mais da saúde



Que tal diminuir a quantidade de estresse?

Fazer mais e melhor para que e para quem?

Respire profundamente e pergunte ao seu corpo: “o que você quer agora?”

Referências bibliográficas:


A definição de Saúde para a OMS Organização Mundial da Saúde

Acessado em 10 de Dezembro de 2025



Amar não é segurar, é sustentar

Texto de Rossandro Klinjev, Acessado em 10 de Dezembro de 2025

 

Teoria do Apego: conceitos básicos e implicações para a psicoterapia de orientação analítica

Artigo Original de Lorenna Sena e Teixeira Mendesa, publicado na Revista Brasileira de Psicologia, acessado em 10 de dezembro de 2025


“Desconforto”
Texto de Marcela Scheid
, acessado em 10 de dezembro de 2025